O setor imobiliário retomou a curva de crescimento em 2020 no mês de junho. As vendas de imóveis foram menos afetadas do que o esperado durante a pandemia do coronavírus.
O que salvou o setor foram as vendas para a população de baixa renda. As facilidades de financiamento e os juros baixos permitiram que os planos da casa própria para as classes C e D não fossem abandonados.
Em São Paulo, novos dados do Secovi apontam que entre janeiro e junho de 2020 aproximadamente 16 mil unidades residenciais foram vendidas.
Isso representou uma baixa de 16% em relação às 19 mil unidades vendidas no primeiro semestre de 2019.
A redução foi causada pela forte diminuição das vendas de imóveis de médio e alto padrão.
Mas o setor considerou que a baixa em relação a 2019 foi pequena e comemorou.
O presidente do Secovi, Basílio Jafet, avaliou que a necessidade fez as famílias de renda menor manterem os compromissos de compra de imóveis.
"As famílias que estavam buscando imóveis mais econômicos, provavelmente, tinham uma necessidade maior de adquiri-los rapidamente, por ser o primeiro imóvel. E também tem a facilidade. Um imóvel mais barato é menor, portanto, não tem grandes variações. Dessa forma, não seria tão importante visitar um apatamento decorado", disse.
Especialistas dizem que as tendências em São Paulo puxam o setor nacionalmente.
Com a reabertura da economia em diversas cidades, voltaram os estandes para a venda de lançamentos. As exposições de decorados levaram à retomada das vendas para a população de média e alta renda.
De acordo com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, a Abrainc, foram mais de duas mil e trezentas unidades vendidas apenas na capital paulista no mês de junho.
O reaquecimento fez com que o setor conseguisse atingir 85% das vendas planejadas para o mês.
Outro dado aponta para a confiança do setor no pós-pandemia. É o aumento de no número de alvarás para novos empreendimentos no segundo trimestre em São Paulo. A alta foi de 13% na comparação com o período de abril e junho de 2019.
Para o presidente da Abrainc, Luiz Antonio França, isso demonstra que as construtoras creditam no aumento de demanda por novos imóveis.
"Nós temos um mercado muito grande a ser explorado. Além disso, temas a queda de taxa de juros. Chegamos a conclusão segura de que haverá uma grande procura por imóveis no Brasil", explica.
No mercado de usados, houve estabilidade no aluguel e venda de unidades residenciais durante a crise.
Já para o mercado de salas comerciais, o prejuízo foi maior. Houve baixa nas vendas e aluguéis dos espaços, e muitos empresários entregaram os pontos.
"Muitas empresas estão esperando esse novo normal, como vai acontecer a volta ao trabalho. Estamos com um novo mercado de home office, que vai se totnar muito forte. Mas também muitas empresas vão precisar trabalhar com espaços maiores", conta o vice-presidente da Associação Brasileira de Mercado Imobiliário, Ricardo Abreu.
Para os especialistas, a aquisição de imóveis ainda é vista como um investimento seguro diante a crise, o que também colaborou para a estabilidade do setor.