Levantamento realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) constatou que a venda de imóveis menores ou com apenas um dormitório cresceu 30% em 2022 no Brasil, em comparação com 2021. Segundo a entidade, esse é um fenômeno diretamente influenciado pela economia brasileira, interferindo no poder aquisitivo da população.
Para eles, o evento, também registrado em outros países, é uma manifestação clara da combinação de alguns fatores: a queda de renda, o custo mais alto da moradia e o crescimento significativo das cidades.
Assim, o aumento na venda de imóveis menores pode ser justificado de duas formas: pelo baixo poder aquisitivo da população, em que os grupos familiares se adaptam ao que o orçamento comporta, e pelo adensamento populacional — ou seja, o aumento na taxa de crescimento de uma população regulada por sua densidade.
O adensamento populacional é uma conduta muito observada em regiões valorizadas ou marcadas por fatores de grande influência na aquisição de imóveis, como estrutura, acessibilidade e segurança. Essas condições são diretamente refletidas nos valores do metro quadrado de um bairro, que acabam encarecendo.
Como resultado, os moradores investem em ambientes menores, que cabem no orçamento, para se manter em regiões privilegiadas — um estilo de vida também descrito como minimalista. O presidente da CBIC, José Carlo Martins, explicou que “esses locais são marcados por um público mais jovem, ou que mora sozinho, ou um casal que não tem filhos — um público que se acostumou a usar serviços fora de casa, como lavanderia e cozinha”.
O urbanista Anderson Kazuo explica, ainda, que o adensamento pode implicar em complicações, caso não seja realizado com critérios. “Um adensamento excessivo pode gerar uma sobrecarga no sistema viário, por exemplo, e no sistema de transporte coletivo, levando a um congestionamento ou superlotação do lugar. Hoje a gente precisa avançar muito em promover adensamento, que é uma pauta necessária nas nossas cidades, mas trazer junto esses critérios de qualidade”, aponta.
Por outro lado, quem tem se beneficiado com o crescimento de imóveis menores são as construtoras, que têm explorado o nicho dos microapartamentos. Esses ambientes costumam ser marcados pelo aproveitamento do espaço, já que possuem poucos metros quadrados — e quanto menor, mais apartamentos podem ser construídos.
O levantamento da CBIC revelou também que esses apartamentos tão pequenos já chegaram a mercados pouco marcados pela conduta, como os do Norte e Nordeste.
Matéria publicada em 28/07/2022