A reabertura dos estandes de vendas de empreendimentos imobiliários, em São Paulo, desde a segunda quinzena de abril, tem se refletido em aquecimento do ritmo de visitas e de comercialização de unidades. Na EZTec, por exemplo, a média semanal de comercialização de imóveis cresceu 40% desde que os plantões puderam ser reabertos, segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Emilio Fugazza. “A demanda está muito resiliente”, diz.
Nos últimos 12 meses, os preços médios de unidades em estoque da EZTec tiveram aumento de 10,4%. Parte dos aumentos dos insumos foi repassada para os valores das unidades. A percepção de alta dos preços contribui para que os clientes tenham “pressa” para realizar aquisições, segundo Fugazza. Ele acrescenta que o estoque de unidades concluídas da companhia está no menor patamar em sete anos.
O volume de visitação aos estandes de vendas da Cyrela voltou ao patamar do fim de 2020, segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Miguel Mickelberg. Com isso, conta o executivo, a companhia está retomando a confiança de executar os lançamentos planejados no início do ano.
Nas próximas semanas, a Cyrela vai apresentar produtos em todos os seus segmentos de atuação e nas regionais em que atua - São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. De acordo com Mickelberg, a companhia espera lançamentos “um pouquinho acima” dos R$ 5,1 bilhões de 2020. A Cyrela tem repassado as altas do Índice Nacional de Custos da Construção (INCC) para os preços e, em alguns casos, feito ajustes acima do indicador.
“A Even está aproveitando o bom momento de mercado para vender mais caro, em vez de vender mais rapidamente”, diz o presidente, Leandro Melnick. A incorporadora tem reajustado os preços acima das variações do INCC. Segundo Melnick, o ritmo de visitação aos estandes da Even, em São Paulo, está parecido com o de imediatamente antes do fechamento dos plantões. A Even vem apostando em “produtos diferenciados”, ressalta o presidente, com preços médios superiores aos da região.
A Cury Construtora e Incorporadora também sentiu melhora na comercialização depois da reabertura dos estandes. Mas, segundo o presidente, Fabio Cury, o impacto do fechamento temporário dos plantões, neste ano, não foi tão relevante quanto em 2020. A companhia pretende lançar em torno de R$ 2 bilhões no acumulado de 2021. Nos 12 meses encerrados em março, a incorporadora alcançou essa marca. Em 2020, a Cury apresentou R$ 1,54 bilhão de projetos ao mercado.
Já a Tecnisa ainda não sentiu a retomada da demanda conforme esperava, segundo o presidente, Joseph Nigri. “Estamos fazendo o repasse integral do aumento de custos para os preços. Os clientes demoram um pouquinho para assimilar os valores. Mas, daqui a pouco, vai ficar mais claro para os compradores que a safra nova de lançamentos virá com preços mais elevados”, diz Nigri. A Tecnisa mantém a expectativa de lançar entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão no biênio 2020-2021. O VGV potencial dos projetos em fase de aprovação é de R$ 1,19 bilhão.
No primeiro trimestre, a Tecnisa reduziu seu prejuízo líquido em 54,9%, na comparação anual, para R$ 26,4 milhões. A receita líquida caiu 25,8%, para R$ 32,7 milhões. A Tecnisa registrou margem bruta de 16,4%, ante os 16,5% negativos do primeiro trimestre do ano passado. Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Flávio Vidigal de Capua, a tendência é que as margens sejam mantidas.
O lucro líquido da Cyrela cresceu 6,86 vezes, para R$ 192 milhões. A receita líquida aumentou 89,6%, para R$ 1 bilhão. A margem bruta passou de 32,7% para 34,5%. A Cyrela registrou impacto positivo de R$ 45 milhões das joint ventures na equivalência patrimonial - R$ 16 milhões da Cury, R$ 17 milhões da Plano&Plano e R$ 12 milhões da Lavvi. Por outro lado, houve efeito negativo de R$ 29 milhões decorrentes de contingências judiciais - R$ 21 milhões em despesas gerais e administrativas e R$ 8 milhões de provisões. A Cyrela avalia que volume de contingências tende a cair. “A maior parte dos casos são processos antigos ou correção monetária e juros desses processos. Há um volume pequeno de novas ações”, diz Mickelberg.
A Cury elevou seu lucro líquido em 7,7 vezes, no primeiro trimestre, para R$ 50 milhões. A receita líquida cresceu 49,3%, para R$ 339,3 milhões. Em função do aumento de preços de insumos, a Cury fez revisão de seus orçamentos. Novos ajustes dependerão dos preços de materiais. Apesar da revisão de orçamentos, a margem bruta da companhia aumentou de 34,4% para 35,5%. Segundo o presidente, há expectativa de manutenção do indicador ao longo do ano. A melhora da margens foi possível, de acordo com o empresário, pelos incrementos de preços feitos em produtos do Casa Verde e Amarela e, principalmente, em imóveis com valores acima dos enquadrados no programa habitacional.
O lucro líquido da Even cresceu 2,3 vezes, para R$ 83,6 milhões, seu melhor resultado desde 2013. A receita aumentou 68%, para R$ 683,4 milhões. A margem bruta ajustada caiu de 32,8% para 29,8%. Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Carlos Wollenweber, a Even não espera “grandes volatilidades de margem”. “Apesar dos ganhos de preços, há aumentos dos valores de terrenos e dos custos de construção”, diz.
A EZTec obteve queda de 6% no lucro líquido, para R$ 72,9 milhões. A receita caiu 22%, para R$ 195 milhões. O menor ritmo de execução de obras devido às medidas sanitárias decorrentes da pandemia de covid-19 e os prazos maiores para recebimento de materiais prejudicaram o reconhecimento da receita. Ainda assim, os prazos para a entrega dos projetos estão mantidos. A margem bruta aumentou de 40,6% para 42,5%.