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08/05/2019

Venda de imóvel residencial de luxo dispara em SP com juro baixo

O mercado de imóveis residenciais de luxo na maior cidade do Brasil está crescendo com a demanda de brasileiros ricos, cansados de receber taxas de juros em recorde de baixa em investimentos

 Demorou menos de um mês para que o prédio de apartamentos de luxo com a marca Fasano em São Paulo vendesse mais da metade de suas unidades no fim de março, começo de abril, apesar de sua construção estar prevista para terminar em 2022. E a Anglo Americana, corretora especializada em imóveis de alto padrão, viu sua receita duplicar nos primeiros quatro meses de 2019.

O mercado de imóveis residenciais de luxo na maior cidade do Brasil está crescendo com a demanda de brasileiros ricos, cansados de receber taxas de juros em recorde de baixa em investimentos. Longe vão os dias de rendimentos de dois dígitos em títulos do Tesouro, e muitos investidores tentam aproveitar os preços em alta no mercado imobiliário de alto padrão.

"Este é, com certeza, o melhor ano desde 2014", disse Amir Makansi, presidente e sócio da Anglo Americana Consultoria de Imóveis SA, corretora-butique especializada em imóveis de luxo.

Apartamentos na Vila Nova Conceição, o bairro mais caro do Brasil, estão sendo vendidos por até R$ 13,5 milhões, segundo Makansi. Os preços saltaram de cerca de R$ 25 mil por metro quadrado há cinco anos para até R$ 35 mil hoje.

A receita da Anglo Americana dobrou nos primeiros quatro meses de 2019 em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a empresa, que não quis fornecer números exatos. A Even Construtora e Incorporadora SA está construindo a primeira torre residencial com a marca Fasano, um nome que é sinônimo de luxo nos mercados de hotéis e restaurantes. Ao longo de apenas um mês, a empresa vendeu mais da metade dos 70 apartamentos do prédio, a um preço médio de R$ 10 milhões cada.

Expectativas de crescimento - "O mercado imobiliário residencial está se recuperando devido ao efeito das baixas taxas de juros, mas também há mais confiança com as expectativas de que a economia brasileira terá um desempenho melhor", disse Thiago Alonso de Oliveira, presidente da JHSF Participações, uma empresa de empreendimentos imobiliários que detém a marca Fasano. O setor de armazéns pode ser o próximo a ganhar força com o crescimento econômico, disse Oliveira.

Espera-se que o Produto Interno Bruto do Brasil cresça 2% este ano, acima dos 1,1% em 2018 e 2017, segundo dados compilados pela Bloomberg. Mas o otimismo em relação à economia tem diminuído nos últimos meses, com os dados do PIB vindo abaixo das previsões iniciais em sete dos últimos oito anos e alimentando a preocupação de que a recuperação no setor imobiliário de luxo possa ter vida curta.

As vendas de residências novas em São Paulo aumentaram 39% nos 12 meses até fevereiro, para R$ 932,5 milhões, segundo o Secovi-SP, sindicato da construção. O número de unidades vendidas saltou 50%, para 2.176. Entre todos os novos apartamentos com três ou quatro quartos oferecidos no período, 45% foram vendidos.

Já o setor imobiliário comercial está sofrendo por causa da economia fraca. Os preços nesse mercado em São Paulo caíram 2,5% nos 12 meses até março, segundo o índice FipeZap.

Entre os principais compradores de imóveis de alto padrão estão empresários, executivos de banco e gestores de fundos multimercado, que tiveram um bom ano em 2018 e receberam bônus polpudos, disse Makansi.

Os apartamentos Fasano serão construídos no luxuoso bairro do Itaim, ao preço de R$ 33 mil por metro quadrado, disse Vinicius Mastrorosa, diretor financeiro e de relações com investidores da Even, em entrevista. Novas regras de zoneamento em São Paulo, que liberaram edifícios mais altos próximos às vias de transporte público, permitiram à Even a construção de torres de 40 andares com duas coberturas e apenas dois apartamentos por andar. A maioria dos apartamentos será de 290 metros quadrados, e as duas unidades de cobertura terão 500 metros quadrados.

A construção do prédio, que fará parte de um complexo que também inclui um hotel Fasano, ainda não começou.

"Não foi fácil encontrar terrenos para construção em um bairro tão refinado como o Itaim - tivemos que comprar 25 casas", disse Mastrorosa, acrescentando que o complexo tem espaço para três restaurantes, uma piscina e um bar.

FONTE: UOL