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17/04/2018

Vendas crescem 31%, mas lançamentos caem no 1º tri

Na avaliação de um analista setorial, a melhora da atividade pode ocorrer em proporção menor do que se esperava, mas não há indicativos de mudança na tendência de retomada

As prévias operacionais já divulgadas pelas incorporadoras de capital aberto apontam dois movimentos bem distintos no primeiro trimestre, na comparação anual: expansão de vendas, mas queda dos lançamentos. Metade das 16 incorporadoras de capital aberto - Cyrela, Direcional Engenharia, Even Construtora e Incorporadora, EZTec, Gafisa, MRV Engenharia, RNI Negócios Imobiliários e Tenda - já divulgaram seus números operacionais.

Em conjunto, as oito companhias lançaram o Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 2,185 bilhões, o que representa queda de 18,2% ante o intervalo de janeiro a março de 2017. Por outro lado, as vendas líquidas cresceram 30,7%, para R$ 3,042 bilhões, deixando claro, segundo analistas, que a demanda por imóveis está aquecida neste momento.

Chamaram a atenção do mercado as quedas de lançamentos apresentadas por MRV e Tenda, respectivamente, de 33,5% e 11,8%. Nos dois casos, houve postergação da apresentação de parte dos projetos devido ao atraso na obtenção de licenças em alguns mercados. Os lançamentos da MRV foram mais afetados porque a empresa vem aumentando a fatia das regiões metropolitanas no portfólio.

Na avaliação de um analista setorial, a melhora da atividade pode ocorrer em proporção menor do que se esperava, mas não há indicativos de mudança na tendência de retomada. "Haveria preocupação, de fato, se as empresas estivessem lançando bastante e vendendo pouco", diz outro analista.

A Even também reduziu lançamentos, de R$ 418 milhões para R$ 51 milhões. Segundo o presidente da incorporadora, Dany Muszkat, a expectativa para o primeiro trimestre já era lançar apenas um empreendimento e não foi frustrada nem pelo atraso da liberação de licenças decorrente da greve que ocorreu na Prefeitura de São Paulo nem pela liminar que suspendeu o direito de protocolo na cidade de São Paulo.

Por esse direito, projetos protocolados antes de a nova Lei de Zoneamento ter entrado em vigor estariam submetidos às regras anteriores. O impacto da liminar nos lançamentos deve ocorrer principalmente a partir do segundo trimestre. Levantamento do Secovi-SP realizado com 38 incorporadoras que atuam na capital paulista apontou que dos 174 projetos previstos para este ano, 88 foram impactados pela liminar.

Conforme Muszkat, os projetos da Even com lançamento programado para o segundo trimestre não são afetados pela liminar.

A surpresa positiva, na avaliação de analistas, foi a prévia da Gafisa. A incorporadora, que não havia apresentado nenhum projeto no primeiro trimestre do ano passado, lançou R$ 139 milhões. O principal destaque foi as vendas terem dobrado, para R$ 235,76 milhões. Analistas destacaram também a queda de 51,2% dos distratos, para R$ 57,7 milhões.

No trimestre, a EZTec lançou um empreendimento, com VGV de R$ 105,5 milhões. A companhia suspendeu o projeto que estava previsto para ser o segundo do ano, com VGV de R$ 100 milhões devido à liminar. A EZTec mantém, porém, meta de lançar de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão neste ano. A empresa registrou vendas líquidas de R$ 121 milhões no trimestre, o triplo do mesmo período de 2017. Foi o melhor desempenho em onze trimestres sem considerar a venda da torre A do EZTowers no terceiro trimestre do ano passado.

FONTE: VALOR ECONôMICO