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12/07/2022

Vendas de cimento caem 2,7% no semestre com desaceleração do consumo, diz SNIC (Valor Econômico)

O sindicato da indústria diz esperar para os próximos meses "um cenário econômico e político ainda mais turbulento" e observar com preocupação o comportamento do consumo

Por Ivo Ribeiro e Ana Luiza Tieghi

 

Refletindo vários fatores que afetam a economia do país, o mercado brasileiro de cimento encerrou o primeiro semestre com recuo de 2,7% na comparação com igual período de 2021. O volume comercializado de janeiro a junho somou 30,8 milhões de toneladas, segundo boletim do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) divulgado há pouco.

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Conforme a entidade, este ano, até fim de junho, mostrou-se um período difícil para a economia brasileira, com juros altos e em ascensão, inflação elevada e massa salarial em patamares ainda preocupantes.

“A indústria espera para os próximos meses um cenário econômico e político ainda mais turbulento e observa com preocupação o comportamento do consumo de cimento no país”, afirmou, em comunicado.

As vendas dos fabricantes locais em junho sofreram ainda mais — recuo de 5,3% ante um ano atrás, registrando 5,2 milhões de toneladas comercializadas. O despacho diário, no mês, teve desempenho semelhante na comparação anual: diminuição de 5,3%, com 225,3 mil toneladas.

Na avaliação da entidade, o conflito entre Rússia e Ucrânia e a imprevisibilidade de seu fim seguem pressionando os insumos energéticos utilizados pelas cimenteiras do país. “O preço do coque de petróleo, principal

fonte de energia para a indústria do cimento, subiu 73,5% nos últimos 12 meses”, informa.

Internamente, acrescenta, energia elétrica, frete, sacaria, gesso e refratários permaneceram tendo forte alta nos preços.

Expectativa de retração de 1% a 2% no ano

“Diante desse cenário, a expectativa da indústria do cimento em assegurar os ganhos obtidos de 2019 a 2021 caminha para uma indesejável frustração”, afirmou o presidente do SNIC, Paulo Camillo Penna, ao Valor.

O setor, depois de quatro anos de crise, com fechamento de fábricas, teve recuperação de vendas nos três últimos anos — 3,4%, 10,6% e 6,6%, respectivamente. Encerrou 2021 com despachos totais de 64,4 milhões de toneladas. De julho de 2021 a junho deste ano, o volume somou 63,5 milhões de toneladas.

O SNIC destaca em sua análise do desempenho do mercado no país que o endividamento das famílias continua elevado e a inflação insiste em permanecer em dois dígitos. “A taxa de juros em ascensão está em 13,25%, o que deixa o financiamento habitacional ainda mais caro, ocasionando diminuição nas vendas de unidades imobiliárias”.

E acrescenta: “Isso já reflete na quantidade de unidades financiadas pelo SBPE e nos lançamentos imobiliários, que registram retração neste ano”. Esse comportamento de alta de vendas e queda de lançamentos reduz o estoque de obras, comprometendo o desempenho da indústria do cimento a curto e médio prazo, observa Penna.

Agora, a expectativa para 2022 é fechar o ano com queda de 1 a 2% nas vendas, o que representaria de 600 mil a 1,2 milhão de toneladas a menos vendidas, afirma o presidente da entidade.

 

Matéria publicada em 11/07/2022

FONTE: VALOR ECONôMICO