Bairros da Zona Oeste de São Paulo apresentaram os maiores índices de crescimento nas vendas de imóveis secundários em 2023, segundo o ranking de demanda imobiliária produzido pela plataforma Loft. No total, foram analisadas 33 mil transações com pagamento do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) entre os 20 bairros com o metro quadrado mais valorizado da cidade.
No Jardim Europa, por exemplo, o volume de negócios fechados cresceu 42% na comparação entre os dois semestres de 2023. No Jardim América, 30%. Sumaré (40%) e Alto de Pinheiros (32%) são outros bairros que encabeçam a lista de locais onde as vendas de imóveis foram mais aceleradas na capital. No total, o volume de negócios nesses bairros cresceu 13%.
No recorte sobre o volume total negociado, Pinheiros liderou absoluto, com 994 transações registradas na prefeitura no período, seguido de Brooklin (880), Campo Belo (810), Moema Pássaros (654) e Vila Olímpia (606), todos na Zona Sul, estão no top 5 de performance.
“Esses bairros mais valorizados atendem um público menos dependente do financiamento bancário, influenciado pela Taxa Selic, que ainda está em dois dígitos. Aliado a isso, o primeiro semestre de 2023 foi mais marcado por incertezas políticas e econômicas com a troca de governo. No segundo semestre, o aumento da confiança do mercado transparece nas vendas”, afirma Fábio Takahashi, gerente de Dados da Loft.
O estudo também usou filtros de análise a partir do tamanho dos apartamentos. As unidades com até 90 metros quadrados de área total tiveram mais apelo nos bairros de Sumaré, Moema Pássaros, Vila Clementino, Vila Madalena e Jardim América. Quantitativamente, Pinheiros teve mais imóveis negociados: 308. Contudo, a variação entre os semestres ficou 15,6% negativa.
Imóveis de 91 a 139 metros quadrados foram mais bem recebidos pelos compradores em Vila Nova Conceição (100%), Jardim América (65%), Vila Madalena (31%) e Itaim Bibi (30%). Mas foi em Pinheiros que esse tipo de produto mais foi vendido na cidade: 365 transações no ano.
Considerando apartamentos com mais de 140 metros quadrados, Sumaré passou de 60 para 96 unidades vendidas entre os dois semestres de 2023: alta de 60%. Na comparação entre os dois períodos, Alto de Pinheiros (50%), Vila Olímpia (45%), Jardim Europa (43%) e Vila Mariana (28%) foram os que mais cresceram em vendas.
ANÁLISE
Para Guilherme Kraemer, diretor Comercial e de Marketing da Revenda Imóvel, um fator essencial ajuda a explicar a concentração do crescimento das vendas em bairros da Zona Oeste. “A volta ao trabalho presencial tem levado as pessoas a procurar moradia perto das empresas, aquecendo o mercado imobiliário ao redor dos eixos econômicos da cidade, como a Avenida Faria Lima”, explica.
A reboque, bairros adjacentes aos mais procurados acabam ganhando relevância. “Quem pretendia morar em Pinheiros, e descobriu que isso não caberia mais no bolso, passou a comprar imóveis em bairros vizinhos, como o Sumaré”, completa.
Outro motivo que explica o sucesso dos bairros da Zona Oeste seria o aumento da oferta de produtos para locação de temporada (“short stay”) nessa região, o que teria inundado o mercado local de investidores. “A ocupação das unidades para aluguel na Avenida Rebouças, por exemplo, chegou a quase 60% no ano passado. A rentabilidade gerada tem criado uma procura muito grande na região.”
Kraemer acredita que, a partir do segundo semestre deste ano, o mercado imobiliário paulistano deve sofrer nova pressão de demanda — agora, pela classe média. “Com a queda consistente da taxa de juros, a tendência é que o efeito chegue à renda das pessoas após meados deste ano.”
Por dentro do mercado
VENDA DE IMÓVEIS NOVOS CRESCEU 15,8% NO RIO EM 2023
O setor imobiliário carioca fechou 2023 com 15,8% de aumento nas vendas de imóveis novos — no cenário nacional, houve queda de 1,4%. Os dados são de pesquisa encomendada pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), que, no entanto, apontou redução de 14,4% no número de unidades lançadas na capital, contra 11,5% de baixa em todo o país.
HOUSI CAPTA US$ 10 MILHÕES EM NOVA RODADA
A Housi, proptech do setor imobiliário, recebeu US$ 10 milhões em recursos captados numa nova rodada de investimentos liderada pela TM3 Capital. O Açolab Ventures, Corporate Venture Capital (CVC), da ArcelorMittal, completou a rodada. Com mais de cem mil apartamentos e mais de 500 prédios em sua base, a Housi tem parcerias estratégicas com mais de 450 incorporadores