O vice-presidente de habitação da Caixa, Jair Mahl, afirmou que o volume de imóveis retomados em garantia pelo banco é "uma preocupação imensa" e tem levado a instituição a conversar com o setor imobiliário em busca de soluções.
Segundo Mahl, o assunto vem sendo debatido com o Secovi e outras associações do setor, além das próprias construtoras. A Caixa encerrou 2018 com 63 mil imóveis retomados - número que, para o executivo, é preocupante apesar de pequeno em relação ao total de contratos.
"Estamos conversando para achar em conjunto soluções para desonerar o balanço da Caixa e não prejudicar as construtoras", disse o executivo, que participou de evento em São Paulo. "A retomada passa a preocupar todos nós e é um desafio não em 2019, mas a partir de 2019."
Gustavo Viviani, diretor de produtos de crédito e recuperações do Santander, afirmou que é preciso ter muita cautela na colocação dos imóveis retomados no mercado. O banco criou uma área específica para lidar com a questão. "Estamos conversando com as contrapartes. Mas estou otimista, os dados de concessão de crédito neste início de ano foram muito fortes."
Para Mahl, um fato positivo é que a alienação fiduciária dos imóveis está funcionando. "Esse aspecto precisa ser reforçado para atrair mais investidores", ressaltou.
O Valor publicou na segunda-feira reportagem mostrando que o volume de imóveis e outros bens retomados pelos bancos atingiu R$ 18,7 bilhões no fim de 2018. O número cresceu 32,3% no ano passado e 78% em dois anos.
O executivo da Caixa também afirmou que o funding da poupança terá maior participação na oferta de crédito do banco neste ano. Mahl não revelou qual o volume de operações que a instituição planeja fazer, mas disse que vai ampliar os financiamentos nessa modalidade, na qual perdeu espaço para os concorrentes privados. "Já reforçamos e vamos continuar no ritmo que o mercado espera."
Segundo Mahl, a poupança será importante para financiar clientes de renda "um pouco mais alta". A Caixa deve priorizar o uso do FGTS em operações com caráter mais social, como o programa Minha Casa Minha Vida.
O governo reduziu neste ano o orçamento do FGTS, que será de cerca de R$ 62 bilhões para a Caixa. Em 2018, essa fonte representou R$ 67 bilhões do total de R$ 83 bilhões usados pelo banco para o financiamento imobiliário.