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09/09/2016

Volume aplicado em banco de varejo cresce 3% no 1º semestre, a R$ 1,4 tri

Na comparação de 12 meses, os investimentos cresceram 7,26%.

O volume de recursos aplicados pelos investidores nos bancos de varejo cresceu 3% neste ano até junho e chegou a R$ 1,434 trilhão. O incremento ficou abaixo até mesmo da variação do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI, o juro interbancário), que serve como referência para a maioria das aplicações, de 6,72%, no período.

Foi o impacto dos saques na caderneta de poupança que pesou no bolo, segundo dados compilados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Na comparação de 12 meses, os investimentos cresceram 7,26%.

Embora a massa alocada na caderneta tenha cedido 3,2% de dezembro para cá, a maior parte do volume do investidor atendido pelas instituições de varejo, R$ 583,9 bilhões, ainda está na modalidade, o que representa 40,7% do conjunto. Em 12 meses, a aplicação perdeu 2,14%.

Enquanto o pequeno poupador às voltas com o desemprego sacou recursos para fazer frente a despesas do orçamento mensal, na alta renda houve uma busca por maior diversificação e melhor eficiência ao capital, diz Marcos Daré, presidente do comitê de varejo da Anbima.

"A poupança é muito simples para se resgatar, há um entendimento do aplicador, é isenta de imposto. Se ele precisar de recursos de hoje para amanhã não precisa mexer com terceiros", afirma. "Já o público de alta renda que tem predileção pela poupança, na linha do tempo encontra alternativas de ofertas de outros produtos que rentabilizem mais do que a poupança."

Para o executivo, à medida que o governo do presidente Michel Temer avance em reformas que promovam um melhor ambiente macroeconômico e o Banco Central (BC) tenha condições de reduzir o juro, a caderneta também tende a recuperar seu apelo, especialmente entre o público de baixa renda.

Os fundos simples, que surgiram para ser uma opção à poupança, não chegaram a ter tal efeito em meio à retração do aplicador, afirma Daré. Pela regra, essas carteiras não precisam de avaliação de perfil do investidor e têm que ter pelo menos 95% do patrimônio líquido em títulos públicos federais, operações compromissadas e papéis emitidos por instituições financeiras com classificação de risco pelo menos equivalente à soberana.

O número de clientes atendidos pelos bancos de varejo recuou para 65 milhões, um decréscimo de 10% no ano, também pelo impacto dos saques na caderneta.

A manutenção da Selic, o juro básico da economia, em 14,25% ao ano e a recuperação da bolsa, por sua vez, estimularam o crescimento dos recursos no Tesouro Direto, com incremento de 33,2% no ano, a R$ 16,3 bilhões; ações (19,7%), com R$ 23,2 bilhões; e fundos de renda fixa (10,2%), com R$ 322,6 bilhões. Na comparação anual, o dinheiro alocado no Tesouro Direto avançou 73,5%, nos fundos de renda fixa, 19,2%, enquanto em ações houve uma queda de 3,06%.

Ao segmentar títulos e valores mobiliários, o que se vê é que os papéis incentivados perderam protagonismo, com as letras de crédito do agronegócio (LCA) e imobiliário (LCI) apresentando alta de 0,5% (com R$ 82,6 bilhões) e 2,9% (R$ 148,3 bilhões), respectivamente, no semestre. Em igual intervalo no ano passado, a variação tinha sido de 34,8% e 24,8%, respectivamente.

"Colaborou para a diversificação a diminuição de lastros de LCI e LCA", diz Daré. "Há uma maior dispersão em outros produtos."

Sinal desse movimento é que as aplicações em CDB e RDB se recuperaram. De janeiro a junho houve um crescimento de R$ 8,471 bilhões, para R$ 138,3 bilhões, enquanto no mesmo intervalo do ano passado notou-se uma redução de R$ 9,730 bilhões na modalidade, a R$ 120,9 bilhões.

A coleta da Anbima engloba 16 instituições financeiras, que representam 96% do mercado.

FONTE: VALOR ONLINE