O número de lançamentos imobiliários residenciais na cidade do Rio de Janeiro quase triplicou no primeiro trimestre do ano, na comparação com os três primeiros meses de 2017, impulsionado principalmente por empreendimentos do programa Minha Casa Minha Vida. Como consequência dessa tendência, o valor médio das novas unidades ofertadas no mercado caiu mais de 50% no período.
Entre janeiro e março foram lançadas 1.396 unidades na capital fluminense, contra 478 no primeiro trimestre do ano passado. No mesmo horizonte de tempo, a evolução do valor geral de vendas (VGV) - calculado a partir da soma do valor potencial de venda das unidades de um empreendimento - foi bem menor. Passou de R$ 234,9 milhões nos três primeiros meses de 2017 para R$ 309,7 milhões em igual período deste ano, um incremento de 31,8%.
Na média, cada imóvel lançado no primeiro trimestre teve VGV de R$ 221 mil. "Esse é um valor muito próximo do teto para o Minha Casa Minha Vida na cidade do Rio de Janeiro, que é R$ 240 mil", esclarece Claudio Hermolin, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) do Rio de Janeiro. Nos três meses iniciais do ano passado, essa média estava em R$ 491 mil.
Embora os números consolidados da Ademi-RJ para o segundo trimestre ainda não estejam disponíveis, Hermolin afirma que os dados são muito semelhantes. "Em 2018, o mercado imobiliário do Rio de Janeiro vai ser dos extremos", sustenta o executivo, também presidente do grupo Brasil Brokers, numa referência aos segmentos de alto padrão e popular.
A vitalidade do segmento popular é consequência direta do fato de que os subsídios e as taxas de juros praticadas no Minha Casa Minha Vida não foram afetados pela retração da economia em anos recentes. Já o nicho dos imóveis com preço acima de R$ 950 mil se beneficiou da queda da taxa básica de juros (Selic). A redução facilitou o financiamento e aumentou a atratividade dos imóveis como investimento.
Dentro dessa lógica, o segmento que deverá ter menos lançamentos este ano no Rio é o do "miolo da pirâmide", conforme define Hermolin. "São os imóveis voltados para a classe média", esclarece Hermolin.
A desaceleração aparece claramente nos números do primeiro trimestre da Brasil Brokers, cujas vendas de imóveis prontos no município do Rio totalizaram R$ 5 bilhões entre janeiro e março, um recuo de 18% em relação ao resultado obtido no mesmo período do ano passado (R$ 6,2 bilhões). "Ao contrário do que acontece em São Paulo, o preço médio por metro quadrado no Rio de Janeiro ainda não está em recuperação", afirmou.