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14/11/2022

Votorantim Cimentos vai investir R$ 1 bi no trimestre

Foco da compahia é redução de custos, modernização da operações, negócios adjacentes e no programa da pegada de carbono para cortar emissão de CO2

Por Ivo Ribeiro 

A cimenteira e fabricante de outros materiais de construção Votorantim Cimentos definiu, ao longo deste trimestre, investir quase R$ 1 bilhão em diversos projetos, disse ao Valor o diretor de operações da companhia, Osvaldo Ayres Filho, durante entrevista para detalhar os resultados financeiros e operacionais do período entre julho a setembro. 

O executivo destaca que o valor é levemente abaixo do que a VC investiu em nove meses do ano, até setembro - R$ 1 bilhão. Esse dispêndio de recursos, observa Ayres, tem o objetivo de elevar a competitividade e deixar a empresa mais preparada para atuar nos seus mercados, seja em tempos mais críticos seja em situações de economia em expansão.

Companhia trabalha para cortar de 4% a 5% as emissões de CO2 de suas fábricas neste ano, ante 575 quilos em 2021

De acordo com o executivo, os recursos serão alocados em várias frentes, principalmente em projetos para reduzir a emissão de CO2 das fábricas e em cortes de custos e na modernização das operações da empresa nos diversos países em que atua. Além do Brasil, está presente em países da América Latina, da América do Norte, Europa, África e Ásia.

Os investimentos, acrescenta Ayres, vão também para os novos ativos adquiridos nos dois últimos anos na América do Norte (McInnis) e na Espanha (regiões de Alconera e Málaga). Nos últimos dois anos e meio, ele lembra que foram desembolsados R$ 3 bilhões, em um movimento alinhado à estratégia de ampliar a presença da VC em países de moeda forte - dólar e euro. “Nos tornamos um player relevante na Espanha”, comenta o executivo.

Outra frente são os negócios adjacentes, que vêm ganhando corpo nos últimos anos. Um deles, tocado pela Viter, são as “soluções agrícolas” - produção de calcário e misturas para aplicação na agricultura. Nessa área estão também a Motz, empresa de logística digital, indoor e outdoor, criada neste ano. Ayres destaca ainda a Verdera, formada em 2019, que vem ampliando a atuação no Brasil e que já se expande para outros países onde a VC tem operações, como a Espanha

No quesito descarbonização, dentro do programa compromissado para 2030, a meta deste ano é cortar em 4% a 5% o volume das emissões de CO2 das fábricas, no país e exterior, em relação ao ano passado. A empresa encerrou 2021 com emissão média de 575 kg de dióxido de carbono por tonelada de cimento fabricada.

O setor cimenteiro é intensivo na geração de carbono, ficando entre os maiores geradores de CO2 do segmento industrial, com cerca de 7% do total emitido, na média mundial. O Brasil tem uma média inferior a países da Europa, Ásia e outras regiões e tem como meta atingir 485 quilos em 2030. Em 2020 foram 552 quilos.

Uma das frentes de investimentos da VC para reduzir emissões é ampliar o uso de combustíveis alternativos nos fornos de clínquer - elemento base para se fabricar o cimento. Isso envolve a utilização desde biomassas diversas (caroço de açaí, palha de arroz e outras), pneus descartáveis até resíduos sólidos urbanos. No último caso, a Verdera tem o papel de ampliar a oferta de material para jogar nos fornos de clínquer.

A companhia busca também melhorar sua matriz energética, com investimentos em fontes eólicas no Piauí - já possui geração hidráulica em várias usinas - e em parques solares na Espanha.

Na sexta-feira, a VC divulgou o balanço financeiro e operacional do terceiro trimestre, que reportou lucro líquido de R$ 604 milhões, com retração de 44% na comparação com o de igual período de 2021. As vendas globais de cimento somaram 10,2 milhões de toneladas - leve queda de 1%. Já a receita líquida consolidada subiu 19%, para R$ 7,6 bilhões.

Bianca Nasser, diretora financeira global da companhia, informa que a houve crescimento de custos, aumento das despesas financeiras (impacto da alta de juros nos diversos países onde a VC atua), aumento de impostos relativos a benefícios fiscais ocorridos em 2021 e ainda reflexos dos novos ativos no portfólio.

“Ao final do trimestre mantivemos uma sólida posição de caixa [R$ 5 bilhões], deixando a companhia preparada para cumprir nossas obrigações financeiras para os próximos quatro anos. A alavancagem controlada e em queda ao longo do ano”, afirmou a executiva. Ficou em 1,77 vez, baixa de 0,22 vez ante 30 de junho, na relação dívida líquida sobre Ebitda. A dívida líquida fechou em R$ 8,1 bilhões. “E a margem operacional se recuperou ao longo desses nove meses”, disse.

Ayres acrescentou ainda que a inflação de custos se mantém firme - combustíveis (coque de petróleo), energia, fretes e insumos.

Após alguns anos, de crise do setor e da própria empresa, neste ano a VC voltou a distribuir dividendos - a holding Votorantim S.A., dona de 100% do capital, foi remunerada com R$ 1 bilhão.

FONTE: VALOR ECONôMICO