O mercado de emissão e distribuição de produtos de investimentos está a todo vapor e as plataformas agora buscam se diferenciar da forte concorrência tanto para atrair o investidor quanto o emissor, as empresas e gestoras.
A Warren está apostando no custo menor de emissão para se consolidar como um competidor relevante em emissões de fundos imobiliários (FIIs). A empresa coordenou uma captação secundária ("follow on") de mais de R$ 500 milhões de um FII da gestora Hectare, que contou com a adesão de mais de 40 mil investidores.
Gustavo Kosnitzer, responsável pela área de Mercado de Capitais da Warren explica que a oferta foi bem-sucedida em parte pela gestão da Hectare, e o resultado que ela vem entregando do fundo: o HCTR11 teve valorização de 14,6% em 12 meses e dividend yield (valor dos rendimentos distribuídos pelo valor das cotas negociadas no mercado) de 17,6%. Outra coisa que ajudou foi o custo menor da emissão, que ajuda a atrair investidores.
O custo total da operação da Hectare foi de 2%, um dos menores da indústria de FIIs deste ano, segundo levantamento feito pelo GRIFE, grupo de investidores de FIIs, que levantou boa parte das emissões dos últimos anos. O Itaú BBA, coordenador de ofertas das gestoras Vectis e Kinea, conseguiu cobrar ainda menos, 1,3%. Mas o custo da emissão coordenada pela Warren está menor que emissões feitas pela Guide, Órama, XP e BTG Pactual de outros FIIs.
Segundo, o custo menor foi possível porque o modelo de negócio da casa não é de cobrar comissões pelos produtos oferecidos ao mercado, mas sim de ter uma taxa fixa pelas carteiras administradas. A mesma lógica é aplicada para a área de mercado de capitais, criada há oito meses, quando ele chegou à fintech, vindo da gestora de patrimônio GK Realty.
“No mercado de capitais temos que desenhar produtos para distribuir para investidores. Nosso diferencial é que não carregamos a caixa de custos que as demais plataformas carregam. Por isso conseguimos enxugar os custos para o emissor e também para os investidores e gestoras de investimentos”, explica ao Valor Investe.
Ele diz que há um forte interesse por fundos imobiliários, que só no ano passado marcou R$ 30 bilhões em novas emissões. Porém, afirma que o mercado está questionando os custos das novas ofertas, pois apesar do crescimento da indústria não houve uma otimização de custos. Da lista de emissões de FIIs feitas este ano, há quem cobre mais de 4% de custo, sendo que a média está em 3,2%, de acordo com levantamento feito pelo GRIFI e citado por Kosnitzer.
“Somos uma plataforma de investimentos, mas temos que ser fortes no mercado de capitais para ajudar a mudar a indústria e ter custos acessíveis para nossos investidores. Seguiremos a mesma lógica de alinhamento de interesses com os investidores”, diz. Em sua opinião, a competição e custos mais baixos ajuda a melhorar o mercado como um todo.
A Warren está com novas emissões de FIIs em andamento, mas, para o executivo, não apenas o mercado imobiliário é um filão a ser explorado como também o de agronegócio. “O mercado do agronegócio é de R$ 1 trilhão e só 25% é financiado dentro do sistema financeiro. Há um espaço enorme para o mercado de capitais ajudar”, diz, citando tanto a emissão e CRAs (Certificado de Recebível do Agronegócio) quanto um novo produto que surge, o Fiagro, que se assemelha a um fundo imobiliário e tem isenção de imposto de renda para pessoa física.