Pouco mais de um ano depois de dar início a suas operações no Brasil, a WeWork planeja chegar ao fim de 2018 com 50% de crescimento em relação ao número atual de ocupantes de seus espaços e dobrar de tamanho em 2019. No primeiro semestre, a empresa de coworking foi uma das maiores contratantes de locação de novas áreas de escritórios comerciais de alto padrão no mercado paulistano. Presente em São Paulo e no Rio de Janeiro, a WeWork vai expandir, em novembro, suas operações, no país, para a capital mineira.
Sem divulgar números de investimentos e de faturamento no Brasil, o diretor-geral no país, Lucas Mendes, conta que o crescimento local vem superando bastante o previsto e que o país já é o quinto mercado da empresa em posições ocupadas pelos clientes. A primeira operação - localizada em prédio da Avenida Paulista em que funcionou o Banco Real - tinha dois andares, na largada, em julho de 2017. Em função da demanda, a ocupação da WeWork, nessa unidade, foi expandida para cinco lajes.
"O Brasil era um dos países que mais procurava informações sobre a WeWork, no Google, antes de a empresa ter operações aqui", conta Mendes. Segundo ele, muito do crescimento no mercado brasileiro se explica pela procura de áreas por parte de companhias de diversos setores. Mundialmente, empresas respondem por 25% da ocupação dos espaços da WeWork, mas a fatia atinge 50% no Brasil. "As empresas querem criar um ambiente para reter talentos", diz o executivo.
Há possibilidade de contratação por empresas de escritórios privativos e projetos personalizados. Não só "start-ups" têm se interessado pelas possibilidades de ocupação mais flexível. Há empresas tradicionais, como o escritório TozziniFreire Advogados e a EY, que optam por esses espaços para suas áreas de inovação. Mendes cita também clientes como Braskem, EDP e Yara Fertilizantes que estão presentes em unidades da WeWork. O Facebook ocupa andar da unidade da Paulista com iniciativas sociais.
Embora a maioria dos prédios em que a WeWork está presente tenha padrão triple A e localizações consideradas nobres, Mendes discorda da avaliação de que o modelo seja de um coworking de luxo.
No plano mais em conta, o "hot desk", o preço mensal por pessoa varia de R$ 800 a R$ 1.200. Nesse formato, o ocupante não tem mesa fixa, mas pode utilizar algum assento disponível e, assim como nos demais, toda a infraestrutura oferecida - cozinha com água, chá, café e cerveja, salas de reunião e cabines. O prazo mínimo de locação é um mês. Há também serviço de recepção. Os clientes podem escolher também planos que permitem um lugar fixo. Segundo o executivo, profissionais liberais de diversas faixas etárias interessados em empreendedorismo e diversidade têm buscado a WeWork.
Mendes ressalta que são oferecidos espaços compartilhados que possibilitam o desenvolvimento de comunidades e que estão em linha com o conceito de economia compartilhada. A empresa promove a conexão dos ocupantes dos espaços pela criação de grupos por afinidades profissionais e de estilo de vida e a promoção de eventos em todas as unidades às segundas-feiras.
As áreas comuns oferecidas conciliam decoração moderna e "descolada" com eficiência e sustentabilidade. A unidade da Paulista tem referências do modernismo e utiliza materiais com cores que remetem à obra da artista Tarsila do Amaral. Utensílios como pratos e copos utilizados não são descartáveis.
Com a inauguração de unidade na rua Butantã, no bairro de Pinheiros, a WeWork chega a nove endereços na capital paulista, além de duas unidades no Rio. Até o fim do ano, serão inauguradas mais duas em São Paulo, outra no Rio e a primeira em Belo Horizonte. "Teremos, pelo menos 14 unidades, utilizadas por mais de 15 mil pessoas", afirma Mendes. Atualmente, 10 mil pessoas ocupam os espaços da WeWork no país.
Segundo Mendes, os contratos de locação fechados pela empresa com proprietários dos escritórios são de longo prazo, em geral, de 15 anos. A WeWork ocupa espaços pertencentes, por exemplo, à Brookfield Commercial Properties, à Tishman e ao BC Fund (do BTG Pactual), e a proprietários locais.
Sem informar detalhes, o executivo afirma que a estrutura dos contratos é "mais complexa" do que a dos aluguéis tradicionais e que, em alguns casos, os donos das áreas participam dos investimentos. Por outro lado, a WeWork também atua na operação dos prédios, até pela necessidade de funcionamento ininterrupto das unidades.
A empresa já começou a assinar contratos de locação de espaços que serão inaugurados no primeiro trimestre.
Em agosto, foi inaugurado prédio do Cubo - braço de empreendedorismo e novos negócios do Itaú -, cujo projeto foi desenvolvido e construído sob orientação da WeWork, que também será responsável pela operação, na Vila Olímpia, na zona Sul de São Paulo. A meta da WeWork de dobrar de tamanho em 2019 não inclui potenciais novos contratos desse modelo. "Estamos olhando várias oportunidades", afirma Mendes.
Os planos para o próximo ano abrangem expansão para Brasília, Porto Alegre e Curitiba.
Levantamento realizado pela Colliers International Brasil aponta que, no fim de junho, a WeWork ocupava área de 71.268 metros quadrados, em São Paulo, e de 18.226 metros quadrados no Rio de Janeiro.
Fundada em 2010, nos Estados Unidos, a WeWork tem 287 endereços no mundo, distribuídos em 77 cidades de 23 países, e 268 mil pessoas que utilizam seus espaços. Há expectativa de fechar o ano com 400 mil usuários de 83 cidades de 27 países. O portfólio soma 1,5 milhão de metros quadrados atualmente. A empresa dobrou de tamanho, a cada ano, nos últimos três anos, de acordo com Mendes. A taxa de ocupação cresceu de 74%, no início de 2017, para 84% no fim de junho.
No primeiro semestre, a receita mundial foi de US$ 764 milhões, mais do que o dobro do mesmo período de 2017. A projeção de receita para o acumulado de 2018 é de US$ 2,3 bilhões. A WeWork já captou US$ 6 bilhões desde a sua fundação.