Matéria publicada no dia 08/03/2022
A XP cortou o preço-alvo das principais construtoras do segmento de baixa renda incorporando as perspectivas macroeconômicas mais desafiadoras para este ano, incertezas políticas e as estimativas operacionais e financeiras a longo prazo.
Os analistas Renan Manda e Ygor Altero avaliam que a deterioração das condições financeiras deve pesar na atividade econômica, além da alta da inflação. Com isso, eles veem uma resiliência no segmento de baixa renda diante das taxas de empréstimo imobiliário mais baixas e subsídios marginalmente mais altos no programa Casa Verde Amarela (CVA).
“Também vemos uma demanda reprimida devido ao grande déficit habitacional no Brasil e robustos recursos direcionados provenientes do FGTS”, comentam.
A XP reduziu preço-alvo da MRV de R$ 23 para R$ 19; recomendação passa de neutra para compraa. Os preços-alvo da Direcional e da Tenda foram cortados de R$ 20,50 para R$ 17 e de R$ 38 para R$ 28, respectivamente. A recomendação de compra para ambas foi mantida.
Já os preços-alvo da Cury e da Plano&Plano, a XP cortou de R$ 15 para R$ 13 e de R$ 10 para R$ 7, na mesma ordem, mantendo compra para as duas.
Projeção para o setor em ano eleitoral
A equipe da XP diz que não espera mudanças negativas no programa CVA durante o ano eleitoral em função da relevância estratégica do setor imobiliário para a economia, principalmente, em um cenário mais desafiador na economia e na política.
Os analistas esperam um crescimento de 8% nos lançamentos para os nomes cobertos, combinados com a alta de 15% nas vendas líquidas.
Manda e Altero dizem que a Cury é a principal recomendação da XP no setor por ter uma interessante combinação de crescimento, valuation atrativo e a maior rentabilidade do setor. Segundo eles, a construtora tem a maior eficiência no repasse de custos para clientes dos grupo dois e três do programa CVA, além da maior geração de caixa.
“A Direcional tem margem bruta forte, além de grande potencial de crescimento da Riva [segmento de média renda]”, ressaltam.
Sobre a MRV, eles dizem que a subsidiária americana AHS deve continuar aumentando o número de unidades, impulsionado pela forte performance no mercado imobiliário dos Estados Unidos.
“Vemos a MRV com margens brutas ligeiramente menores devido ao aumento dos custos de construção e com menos espaço para repasse de custos devido ao foco na velocidade de vendas”, ponderam.
Para os analistas, a Tenda tem uma combinação mista de dados operacionais em 2022, mas a margem bruta deve continuar pressionada, prejudicada por preços mais altos da matéria-prima e menor ticket médio.
“Já a Plano&Plano é o nome mais barato em nossa cobertura e tem a liquidez mais baixa”, observam.